terça-feira, 21 de junho de 2011

AS RAÍZES DO CRISTÃO

Garantia de sobrevivência, crescimento, firmeza e produtividade

A Bíblia utiliza muitas figuras de linguagem, especialmente metáforas e símiles, para expressar princípios espirituais. Um exemplo é a comparação entre o justo e a árvore. “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará. Não são assim os ímpios, mas são como a palha que o vento dispersa.” (Sl 1.3-4.)
Em muitos outros textos, a árvore é usada como ilustração: Os 14.5-7; Jr 17.7-8; Pv 12.3,12; 2Rs 19.30; Jó 18.16; Is 27.6; Rm 11.16. Vamos examinar algumas características que a tornam uma figura tão interessante.

O CEDRO DO LÍBANO

“O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos.” (Sl 92.12-14.)
O cedro é uma das árvores mais imponentes. É símbolo de força e eternidade. Nos 3 primeiros anos de vida, alcança apenas 5 centímetros de altura, mas já possui 1 metro e meio de raízes. Quem poderá arrancar tal “plantinha”? Mesmo jovem, já se mostra firme. Seu crescimento interior é bem maior que o exterior. Depois, cresce 20 centímetros por ano, chegando a 40 metros de altura. Seu desenvolvimento é lento, sem pressa, sem precipitação, mas não se pode detê-lo. Só a partir dos 40 anos é que o cedro produz sementes, mas pode viver centenas de anos. O cedro não depende da chuva, pois suas raízes profundas buscam água diretamente dos lençóis freáticos.


Nos tempos bíblicos, sua madeira era usada para construir casas (Ct 1.17), palácios (2Sm 5.11), templos (1Rs 6.9), cofres (Ez 27.24) e embarcações (Ez 27.5). O cedro tem beleza, perfume e força. Resiste aos desafios da água e do vento. É, portanto, muito confiável. O salmista disse que o justo é como o cedro do Líbano. Com isso, podemos ter uma idéia do que Deus espera de nós. É natural que sejamos, pela graça do Senhor, fortes, firmes, confiáveis, apresentando a beleza da vida cristã em nós, sendo resistentes diante das dificuldades. Nossa relação com Deus não dependerá de fatores exteriores, pois a profundidade será característica da nossa espiritualidade.

Cairão mil ao nosso lado e dez mil à nossa direita (Sl 91.7), mas nós não cairemos porque temos raízes profundas.

As raízes – sua “invisibilidade” e importância

Quando a semente germina, ocorre um crescimento para cima (tronco, galhos, folhas, flores e frutos) e outro para baixo (raiz). Nossa vida não pode ser apenas algo exterior, mas interior. A raiz garante firmeza, nutrição e sobrevivência para a planta (Is 40.24). Muitas vezes, enfatizamos o que a árvore produz, o fruto, mas nos esquecemos das raízes. Nos mais variados aspectos da nossa vida, valorizamos mais o que é aparente e menosprezamos o que está oculto. O fruto é muito importante, mas a sua falta pode indicar um problema na raiz. Estamos muito preocupados com as aparências, com aquilo que pode ser visto e admirado pelos homens.

Entretanto, nossas raízes são valores e práticas vistas apenas por Deus. Estão abaixo da superfície e precisam ser cultivadas com atenção e cuidado. Se não for assim, corremos o risco de cair, pois o peso exterior não terá sustentação interior.

Jesus disse que os fariseus valorizavam muito as orações, jejuns e esmolas realizadas em público. Os discípulos, porém, foram ensinados a fazer tudo isso de maneira discreta e, às vezes, secreta, de modo que só Deus pudesse vê-los (Mt 6.1-6,16-18). Uma vida de dedicação íntima a Deus é uma forma de cultivar raízes espirituais. As orações em público são válidas e importantes, mas podem também ser falsas. Quem ora sozinho, dentro de seu quarto, provavelmente o fará com sinceridade de coração.

Muitos querem apenas bênçãos visíveis, materiais, mas não buscam virtudes espirituais que lhes trariam firmeza. O exterior é importante, mas o interior é imprescindível. Tronco, galhos, folhas, flores e frutos, se forem cortados, podem renascer a partir da raiz. Se esta, porém, for arrancada e morrer, será o fim para a árvore. Será que o nosso cristianismo se resume ao que fazemos no templo? Se for assim, nossas raízes estão comprometidas ou, talvez, nem existam. Nossa vida cristã é superficial ou profunda?

O exterior depende do interior (Mt 13.5-6,20,21; Os 9.16). A falta de raiz leva à morte, conforme observamos nas palavras de Jesus: “E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam.” (Lc 8.13.)
Aquela semente caiu entre as pedras, onde havia pouca terra. Brotou rapidamente, mas, por falta de raízes, morreu sob o calor do sol. Jesus disse que tais pessoas “crêem por algum tempo”. São “crentes provisórios”. Não têm raízes. Este é o caso daqueles que freqüentam a igreja durante algum tempo e depois desaparecem. O texto de Lucas nos mostra que há dois momentos na caminhada com Cristo: alegria e tribulação. Precisamos ter consciência disso. Devemos conhecer tal possibilidade, pois o conhecimento também é um tipo de raiz que nos manterá de pé. Aqueles que esperam apenas momentos de alegria se decepcionam com o Evangelho e o abandonam.

O dia da tentação e tribulação traz o teste para a raiz do servo de Deus. É nessa hora que manifestamos o que somos intimamente. O vento e a tempestade nos atingirão inevitavelmente. Então veremos o que existe em nós, abaixo da superfície.

A primavera é a estação mais favorável para as plantas. Contudo, não há como impedir que venha o inverno. No hemisfério norte, onde a estação fria é muito rigorosa, as árvores perdem toda a sua beleza por causa da geada e da neve. Ficam com aspecto de destruição completa. Não têm folhas, flores nem frutos. Não lhes resta nem mesmo um aspecto agradável ou saudável. Parecem mortas. Contudo, sob o solo gelado, suas raízes permanecem vivas, garantindo que, na próxima estação, a árvore esteja viva, forte, bela e produtiva.

“Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda torne a brotar, e que não cessem os seus renovos. Ainda que envelheça a sua raiz na terra, e morra o seu tronco no pó, contudo ao cheiro das águas brotará, e lançará ramos como uma planta nova.” (Jó 14.7-9.)
Quando Jó falou sobre a árvore, estava falando sobre sua própria vida (Jó 29.19). Ele havia perdido quase tudo o que possuía. As bênçãos materiais, aparentes, se foram. Ele se tornou como a árvore devastada e destruída, porém sobrevivente por causa de suas raízes. A tribulação veio sobre Jó para testá-lo. Contudo, suas raízes estavam firmes em Deus. Por isso, ele pôde brotar novamente, como se lê no capítulo 42. Deus pode permitir que percamos o que é aparente. Ficará apenas o que é interior. É nessa hora que conhecemos o verdadeiro cristão, ao vê-lo permanecendo firme. O falso se escandaliza, blasfema contra o Senhor e se desvia do Evangelho.

O justo, porém, não deixará sua posição, pois está arraigado através do amor, do conhecimento, da experiência, da fé, pelo compromisso, com determinação inabalável. Estas são as nossas raízes.

Que Deus nos abençoe.

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